Tuesday, October 11, 2005

Temporalidade - Rita Conde

Resisti à passagem do tempo, andei em contra-mão.
Tolhi o corpo infante, detive o juízo simples e pueril.
Na era da vida fiquei por Março, não cheguei a Abril.
Vê…! Estou ainda no Adro da Igreja a jogar ao Balão!

Os brinquedos dispersos encontram-se ainda pelo chão.
Faço e desfaço aquele infindável Puzzle de peças mil.
Sustento os temores e venturas do imaginário infantil
E só na tua cama adormeço o medo da eterna escuridão.

Fiquei a tua menina, “vó”! Vê, recusei-me a crescer!
Não aspirei nada mais além que o teu meigo cuidar.
Mantive tudo com apego… só para te não ver morrer!

Mas o tempo pesou… e não consegui por ti e em ti travar
O despontar do termo, o futuro certo e atroz de envelhecer.
E pequenina estou, como quando tardavas, nas escadas a chorar…

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